sábado, 28 de abril de 2012

Potenciômetros e Trimpots



   Olá galera. Tudo bem com vocês? Hoje quero falar um pouco sobre esse componente importante e conhecido. O resistor variável conhecido por potenciômetro. Também abordarei o não tão popular trimpot, que se comporta de maneira parecida, mas tem outras utilidades. Vamos lá então!

   Falarei aqui sobre os potenciômetros analógicos, então que fique subentendido que, ao me referir ao potenciômetro, será o analógico. O potenciômetro não passa de um componente elétrico que possui uma resistência variável. Ele possui três terminais, sendo que a resistência máxima se encontra entre os dois da extremidade. Entre um dos terminais da ponta e o do meio se encontra a resistência que é variável através do deslocamento de um cursor. Suponhamos um potenciômetro de resistência nominal (máxima) de 10 \(k\Omega\). Se entre o terminal de uma ponta e o central eu tenho 6 \(k\Omega\), entre o terminal central e o da outra ponta eu terei os 4 \(k\Omega\) restantes.

   Os potenciômetros analógicos são compostos por uma pista de material resistivo, como filme de carbono. O eixo central possui um contato com esta pista, que conforme desliza altera a resistência, devido a mudança da distância entre este terminal (o central) com um da ponta. Sendo assim a alteração da resistência é proporcional ao deslocamento do cursor. Sua precisão depende do material com que a pista é feita.

   Há alguns fatores que influenciam na resistência do potenciômetro. Alguns tipos, por possuírem uma entrada aberta para a trilha, acumulam poeira e com isso ocorrem aumentos na resistência. Por possuir partes mecânicas móveis que regulam a resistência, o seu uso em máquinas que possuam vibração pode ocasionar, com o tempo, uma variação na mesma.

   Uma das aplicações mais populares do potenciômetro é aquele botão rotativo de volume dos rádios e das caixinhas de som. Porém aqui introduziremos o conceito de dois tipos de potenciômetros analógicos: o linear e o logarítmico.

   O funcionamento do linear é bastante fácil de entender, pois comportamentos lineares costumam ser bastante intuitivos. No potenciômetro linear, se eu rotacionar metade do cursor, eu vou obter metade da resistência para cada "lado". Se eu rotacioná-lo 75% do curso total, eu terei 75% da resistência total de um lado, e os 25% restantes do outro.

   Porém, como nossos ouvidos não seguem uma escala linear, e sim logarítmica, foram inventados os potenciômetros logarítmicos para aplicações sonoras, em geral. Nele, se eu colocá-lo na metade do cursor eu não obtenho metade da resistência, mas obtenho metade do som. Isso pois, como já mencionei, nossos ouvidos não obedecem uma escala linear, mas sim logarítmica. Mas isso vai ficar de assunto para outra postagem.

   Quanto a simbologia, o potenciômetro é desenhado da forma ilustrada na figura abaixo. Perceba que na simbologia há os terminais da extremidade, onde se encontra a resistência máxima nominal, e a terminação central de resistência variável.


   Agora vamos falar um pouco do trimpot. Não foi puramente preguiça que me impediu de fazer um post separado para o trimpot. A verdade é que eles são muito parecidos, porém usados para funções diferentes.


   O trimpot também consiste de uma resistência variável (na verdade, o termo mais apropriado seria ajustável). Porém difere do potenciômetro no modo como alteramos o valor de sua resistência. O ajuste do trimpot (pelo menos do tipo mais comum) é dado pelo aperto de um pequeno parafuso, que geralmente fica na sua parte superior ou frontal.


   A grande aplicação do trimpot é o uso para a calibração de aparelhos. Isso pois ele atinge valores mais precisos e é mais difícil alterar seu valor de resistência através de vibração. Quanto ao problema do pó, ele é mais resistente por não possuir aberturas tão salientes quanto o potenciômetro.

   Também é usado quando precisamos de uma resistência de valor não comercial. Por exemplo, se precisamos para o bom funcionamento de um aparelho uma resistência de 15 192 \(\Omega\), podemos usar um trimpot de 96 \(k\Omega\) e ajustá-lo precisamente nesse valor. E se depois eu descobrir que era melhor usar 17 576 \(\Omega\)? Simples, basta fazer alguns pequenos ajustes no trimpot. Simples, porém fascinante, não?

   E por hoje é isso. Sempre lembrando que a dissipação máxima de potência nestes componentes não deve passar de (no MÁXIMO!!!) 0,5 W, pois eles NÃO são feitos para dissipação de calor (experiência própria!). Lembre-se disso, e tudo funcionará maravilhosamente bem! Então estudem bastante, se cuidem e até a próxima...

domingo, 22 de abril de 2012

Indicador de Fusível Queimado I

Olá a todos. Hoje vamos fazer aquele estudo através da análise do esquema de um circuito simples. O que trago para o estudo de hoje é este indicador de fusível queimado.


Hoje vamos analisar o circuito da figura acima, que é um indicador de fusível queimado. Vamos entender como ele funciona. O bom desse circuito é que ele é bastante simples, fácil de ser dimensionado, pode ser implementado na saída de qualquer fonte de tensão e funciona bem.

Vamos analisar seu comportamento. Enquanto o fusível estiver intacto haverá tensão na saída, que servirá para polarizar o transistor e levá-lo a saturação. Levando em consideração que a queda de tensão na base do transistor seja de 0,7V, a corrente que irá entrar pela base do transistor pode ser calculada por:

[;I_{base}=\frac{V_{saida}-0,7}{R_2};]



Essa corrente que entra pela base do transistor tem que ser capaz de levar o transistor a saturação. Para termos certeza disso, devemos descobrir o ganho do transistor. Podemos fazer isso usando um multímetro que tenha a opção de medir ganho de transistores ou simplesmente consultar o datasheet do mesmo. Sabendo o ganho (Bcc) do transistor, nós iremos garantir a saturação fazendo o enunciado abaixo verdadeiro:

[;I_{base}>\frac{V_{entrada}-V_{LED}}{{\beta_{cc}}.R_1};]



Onde [;V_{LED};] é a queda de tensão do LED verde, algo em torno de 3V. Se a afirmação acima for verdadeira, isso fará passar a máxima corrente possível para este circuito pelo coletor-emissor deste transistor. Essa corrente, chamada corrente de saturação, terá um valor que pode ser calculada da seguinte maneira:

[;I_1=\frac{V_{entrada}-V_{LED}}{R_1};]


Como já mencionei, a tensão do LED verde deve ser algo em torno de 3V. Esses três volts estão aplicados também nos dois diodos em série com o LED vermelho, pois eles estão em paralelo com o LED verde. Como cada diodo dá uma queda de 0,7V e o LED vermelho uma queda de 2V, para polarizar todos eles diretamente e fazer o LED vermelho acender, precisaríamos de uma tensão igual a 3,4V.

Portanto, enquanto o fusível estiver intacto o LED verde estará acesso e, devido a isso, não haverá tensão suficiente para fazer o LED vermelho acender. O que acontece algumas vezes é o LED vermelho ficar acesso com um brilho bastante fraco. Não sei se é o caso desta configuração de indicador, mas alguns indicadores apresentam este problema.

Caso o fusível queime, a tensão após o fusível irá desaparecer. Assim não haverá corrente na base do transistor e ele irá entrar em corte. Assim a corrente não passará pelo LED verde e irá passar pela malha do LED vermelho. Considerando queda de 0,7 em cada diodo, a corrente, neste caso, passa a ser:

[;I_2=\frac{V_{entrada}-(1,4+V_{LED2})}{R_1};]



Para garantir que o LED vermelho não acenda concomitante ao verde, devemos garantir que I2 seja menor que I1. Para facilitar este trabalho podemos adicionar mais um diodo em série com o LED vermelho, ou talvez trocar todos os diodos por um zener, para aumentar a queda de tensão necessária para polarizar a malha daquele LED. Dessa forma podemos, se não evitar, pelo menos amenizar o problema já comentado, de o LED vermelho não ficar completamente apagado enquanto o fusível esteja intacto.


E por hoje era isso. Circuitinho simples, não? Ele foi removido do livro Eletrônica, Volume 1, escrito por Albert Malvino e David J. Bates. Livro que é muito bom para começar aprender eletrônica. Paguei meio carinho nele mas hoje, depois de ler, afirmo que valeu cada centavo. Livro que está sempre ali para eventual consulta e eu gosto muito (não, eu não ganho cachê de editora pra fazer jabá (mas sim, estou aberto a propostas, rsrs)).  Se cuidem e até a próxima. E por favor, usem os comentários para fazer críticas, sugestões, etc e tal. Até a próxima. Fui...

Lógica Combinacional - Portas Lógicas


Olá a todos. Hoje vamos começar a falar sobre eletrônica digital e, para introduzir esse novo tema, vamos falar um pouco de lógica combinacional. O que ela é, para que ela serve e o que são portas lógicas.

Antes de começarmos acho interessante esclarecer algo que era uma dúvida minha antes de estudar eletrônica digital. Nós falaremos muito sobre 1's e 0's, mas, o que eles são? A explicação comum é simples: 1 significa que tem tensão e 0 que não tem. Porém eu não acho essa explicação muito esclarecedora, então quero dissertar um pouco sobre isso.

Existem diversas famílias de portas lógicas, que são os constituintes fundamentais dos circuitos digitais. Comumente se trabalha com apenas duas: TTL e CMOS. As portas lógicas da família TTL (que significa Transistor-Transistor Logic) são feitos de transistores bipolares ou FET's e são alimentados com 5V. Idealmente 5V equivalem a 1 e 0V equivalem a 0. Mas na realidade existem faixas de tensão que correspondem a esses níveis lógicos. Entre 0 e 0,8V é nível lógico 0. Entre 2,4 e 5V é nível lógico 1. Entre os valores de 0,8 até 2,4V temos um nível lógico indeterminado, que os circuitos podem entender tanto como 0 quanto como 1. Como é impossível prever o que irá acontecer nessa situação, tais níveis de tensão não são desejados dentro dos circuitos digitais.

Já na outra família que comentei, CMOS (Complementary Metal Oxide Semiconductor, se não me engano) é construída usando a tecnologia de transistores MOSFET complementares. Eles são alimentados com 5V também e sua faixa de nível 0 é entre 0 e 1,5V, e sua faixa de nível 1 é entre 3,5 e 5V. A faixa entre 1,5 e 3,5V constitui nível indeterminado e também deve ser evitado. Mais adiante eu farei um post somente sobre famílias lógicas, comentando todos os detalhes. Agora já podemos falar sobre Lógica Combinacional.

Lógica Combinacional é um tipo de lógica digital. Quando um circuito digital é combinacional, o estado lógico da saída depende exclusivamente do estado atual das entradas. Os circuitos digitais respeitam uma tabela verdade, que é uma tabela que nos informa os estados de saída para todas as combinações lógicas das entradas. Um exemplo disso pode ser visto na figura abaixo.


O número de possibilidades é dado por 2 elevado na "n", onde n é o número de entradas. Como temos duas entradas (A e B), temos então 4 possibilidades. A tabela verdade acima mostra o estado da saída para  qualquer uma das 4 combinações de entrada. Por exemplo, se o nível lógico de A for igual a 0 e o nível lógico de B for igual a 1, a saída, naquele instante, assumirá o nível lógico 1.

Claro que essa é uma tabela de exemplo, que é extremamente simples, mas os circuitos combinacionais podem criar qualquer tabela verdade, de complexidade cada vez maior. Para montarmos tais circuitos combinacionais, nós temos os "tijolinhos" da eletrônica digital, que se chamam portas lógicas. Essas portas lógicas executam operações lógicas que podem ser representadas por uma tabela verdade, e a combinação dessas portas lógicas em um circuito nos permitem fazer qualquer operação e, portanto, qualquer tabela verdade. Então, vamos conhecer essas portas lógicas:


Vamos começar pela primeira porta, letra (a), que é a porta NOT (Inversora). Essa porta inverte o nível da entrada. Como podemos ver pela tabela verdade, se A for 0 a saída é 1 e, se A for 1, a saída é 0.

Vamos agora para a última porta, letra (e), que é a porta OR (OU). Sua lógica é a seguinte: Se uma entrada for 1, OU a outra entrada for 1, OU as duas entradas forem 1, a saída será 1. Essa porta só terá a saída em 0 se ambas as entradas forem zero. Esse raciocínio se aplica para portas OU com mais de duas entradas. Essas portas também só terão 0 na saída se todas as entradas (seja quantas forem) estiverem com nível lógico 0.

Passando agora para a penúltima porta, letra (d), que é a porta AND (E). Sua lógica é a seguinte: A saída só assumirá nível lógico 1 se uma entrada tiver 1 E a outra entrada tiver 1 também. Se pelo menos uma das entradas possuir nível 0, a saída também será 0. Mesma lógica se aplica a portas E com mais entradas, onde a saída só será 1 se todas as entradas (seja quantas forem) apresentarem nível 1.

Vamos para a terceira porta, letra (c), que é a porta NOR (OU Invertida). Ela não passa de uma porta OU cuja saída é jogada em uma inversora, que é representado pela pequena bolinha na saída da porta. Se você comparar esta tabela com a tabela da porta OU normal, você perceberá que, se em uma situação a OR normal tem 0 na saída, a NOR tem 1 e vice-versa. A lógica dessa porta então é a seguinte: Se uma entrada tiver 1 OU a outra entrada tiver 1 OU as duas entradas possuírem 1, a saída será 0. Somente se todas as entradas forem 0 a saída assumirá o nível 1.

Vamos enfim para a segunda porta, letra (b), que é a porta NAND (E Invertida). Ela também não passa de uma porta AND simples cuja saída é jogada em uma inversora, o que pode ser visto pela pequena bolinha na saída, conhecida como bolha de inversão. Novamente, se compararmos esta tabela com a E simples, veremos que para qualquer situação que a AND simples apresente 1 na saída, a NAND irá ter 0 na saída, e vice-versa. Sua lógica é a seguinte: Se em uma entrada eu tenho 1 E na outra entrada também tenho 1, minha saída será 0. Nas outras situações possíveis, minha saída será 1. 



Esses dois carinhas não são portas lógicas propriamente ditas, mas vamos tratá-las como tal. A primeira se chama XOR, abreviação de Exclusive OR (OU Exclusiva). Sua lógica é semelhante a da porta OR. Ela apresenta 1 na saída se tiver 1 em uma entrada OU 1 na outra. Porém, se ambas as entradas forem 1, a saída será 0 (diferindo da porta OR nesse aspecto).

A segunda porta é a XNOR, abreviação de Exclusive NOR (OU Invertida Exclusiva). Ela basicamente funciona como a porta XOR com uma Inversora na saída. Sua lógica é a seguinte: A saída será 1 se ambas as entradas possuírem 1 ou ambas possuírem 0. Caso as entradas difiram entre si, sua saída será 0.

E essas são as portas lógicas, que executam operações lógicas simples e que, quando combinadas, podem fazer circuitos complexos e bastante interessantes. Gostaria de ressaltar algo: as portas NAND e NOR são portas "universais". Isso pois podemos "fazer" qualquer porta com elas, ou seja, realizar qualquer operação lógica usando somente essas portas. Por exemplo, podemos fazer uma inversora com a NAND ou com a NOR, da seguinte maneira:


Fazendo a mesma informação entrar por ambas as entradas de uma NAND, fazemos uma inversora com ela. Assim, se entrar 1 sairá 0 e, ao entrar 0 sairá 1. Procedendo da mesma forma, também podemos transformar a porta NOR em uma inversora. Se você verificar a tabela verdade dessa portas e olhar somente as situações onde ambas as entradas são iguais, verá que elas se comportam como inversoras.


A tabela acima mostra como montar outras portas a partir a NOR e NAND. A figura da letra "a" mostra como montar as inversoras, como já comentamos. As figuras "b" nos mostram como executar a lógica AND (E) somente com portas NAND e somente com portas NOR. A figura da letra "c" nos mostra como executar a lógica OR (OU) somente com portas NAND e, depois, somente com portas NOR.


A figura acima mostra como podemos montar uma porta XOR somente com portas NOR. Se colocarmos um inversor na saída (e vimos que isto também pode ser feito somente com portas NOR) nós passaremos a ter a porta XNOR, também implementada somente com NOR.


E dessa forma implementamos a porta XOR somente com portas NAND. Para obtermos a XNOR, basta que coloquemos uma inversora na saída, que também pode ser feita somente com portas NAND. Como vimos, podemos implementar qualquer porta usando somente as portas NAND e NOR. É devido a isso que elas são chamadas de portas universais.

Uma curiosidade: somente o conteúdo deste post foi suficiente para levar o homem a Lua. Eu digo isso pois o sistema de computação da nave Apollo foi feita usando somente portas lógicas e, se não me engano, foi todo feito usando somente portas NOR. Porém não tenho certeza disso. O que eu tenho certeza é que existe um livro chamado "Digital Apollo" que conta a história da eletrônica da nave e que é muito bom, porém eu acho que só tem em inglês. Enfim, vale à pena fazer um esforço pra ler.

Por hoje era isso. Nos próximos posts sobre eletrônica digital eu quero mostrar exemplos de circuitos lógicos combinacionais, falar sobre o sistema de numeração binário e a Álgebra de Boole, que é a matemática por trás das operações lógicas executadas pelas portas que vimos hoje. Isso irá contextualizar o conteúdo deste post e fará você entender, por exemplo, por que podemos montar qualquer porta usando somente NAND e NOR. Mas isso fica para uma próxima aventura... Enquanto isso se cuidem e continuem estudando. Abraço!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Amplificadores Operacionais

Olá pessoal. Hoje eu queria falar sobre os amplificadores operacionais, que são componentes importantes e que marcaram a história da eletrônica analógica.

Os amplificadores operacionais, que também são conhecidos por Amp-Ops ou Op-Amps, são dispositivos amplificadores de acoplamento direto, alto ganho e cujas características podem ser controladas a partir de realimentações do circuito. Internamente são formados por amplificadores transistorizados e externamente são representados pelo seguinte símbolo:


Convencionalmente, só as entradas "+" e "-"  e a saída aparecem. As conexões de alimentação geralmente ficam ocultas, sendo subentendidas. A entrada + é chamada entrada não-inversora e a entrada - é chamada de entrada inversora. Dependendo da forma como realimentamos o amplificador operacional ele pode funcionar como amplificador, gerador de diversas formas de onda, realizar operações matemáticas como soma, subtração, multiplicação, divisão, integração e diferenciação ou ainda funcionar como comparador de tensão. Essas são apenas algumas funções que eu me lembro de cabeça, existindo ainda muitas outras possibilidades para este componente.

Vamos falar das características de um amplificador operacional IDEAL. Claro que, como o nome diz, este caso é uma idealização, não correspondendo ao componente real.

Idealmente, o amplificador operacional possui impedância de entrada infinita e uma impedância de saída nula. Possui também uma faixa de passagem infinita, ou seja, amplifica qualquer frequência de onda. Deslocamento de fase nula, ou seja, não desloca a fase do sinal amplificado. Isso significa dizer que o Amp-Op ideal não possui tempo de atraso na resposta. Ganho de tensão de modo comum igual a zero, ganho de tensão diferencial infinito e tensão de saída nula quando a tensão de entrada for 0V.

Tensão de modo comum e tensão diferencial se referem ao seguinte: o amplificador operacional amplifica a diferença de tensão entre seus terminais não-inversor e inversor. Se aplicarmos exatamente 5V, por exemplo, em ambas as entradas, a diferença de tensão entre elas será 0 (pois ambas terão a mesma tensão) e assim a saída do Amp-Op deverá ser zero. Quanto ao ganho diferencial, ele é infinito, ou seja, qualquer diferença de tensão entre as duas entradas provoca a saturação da saída.

Agora que entendemos o que seria um amplificador operacional ideal, vamos falar um pouco sobre o que temos na vida real.

O ganho de tensão Avo, chamado Ganho de Tensão em Malha Aberta, varia entre alguns milhares até cerca de cem milhões, dependendo do amp-op. A tensão de off-set, que é a tensão de saída com as entradas curto-circuitadas e que deveria ser nula, é de cerca de 100mV nos amp-ops reais, mas isso pode ser corrigido com a adição de alguns componentes externos na maioria dos amp-ops.

Os amp-ops reais também apresentam uma taxa chamada de slew rate, que é a velocidade com que o amplificador consegue fazer a saída variar. A unidade de medida dessa faixa é V/us. Tomando como exemplo o LM741, vemos no datasheet que ele possui um slew rate baixo de 0,5V/us. Isso significa que se ele operar de um modo que seja obrigado a jogar na saída um sinal que varie (aumente ou diminua) mais rápido que 0,5V/us, este sinal de saída sairá distorcido quando comparado a como ele deveria ser. Este slew rate determina a frequência máxima que o amp-op trabalha sem distorções. A imagem de osciloscópio abaixo demonstra o efeito de atraso causado pelo slew rate.


Configurações do Amplificador Operacional:

A primeira configuração é o amplificador não inversor. Ela pega o sinal da entrada Vn e multiplica sua amplitude por um fator de 1+(Rf/Re). Nesta configuração o sinal de saída possui a mesma fase que o sinal de entrada.

A segunda configuração é o amplificador inversor. Da mesma forma ele captura o sinal de entrada Vn e amplifica por um fator (Rf/Re). O sinal de saída é 180° defasado em relação ao sinal de entrada, ou seja, ele está invertido em relação a entrada.

Esta configuração acima é o somador inversor. Se todos os resistores forem iguais, o circuito irá fazer a operação (v1+v2+v3). Porém a saída será invertida, ou seja, a soma será multiplicada por -1. É possível realizar outras operações semelhantes com esta configuração. Por exemplo, se os 3 resistores de entrada forem iguais e o resistor R for 3 vezes maior que o valor dos resistores de entrada, este circuito fará a média aritmética das tensões, ou seja, a saída será:

[;V_o=-{\frac{v_1+v_2+v_3}{3}};]

Ou poderá, pelo ajuste dos resistores, multiplicar as tensões de entrada por uma constante escolhida. Assim é possível fazer operações como:

[;V_o=-{\frac{a.v_1+b.v_2+c.v_3}{n};]

Onde a, b, c são constantes reais e n é real e diferente de zero, obviamente.

Nesta configuração, chamada de somador não-inversor, se fizermos R igual a 0 ohms, ou seja, fizermos R um curto e tirarmos R4, ou seja, não ligarmos a entrada inversora a nada além da saída, a saída será a média aritmética das entradas. Porém, devido a expressão que dá o ganho dessa configuração, eu não acho ela muito prática. Eu prefiro somar com o amplificador inversor e depois inverter o sinal sem dar ganho algum. Assim, a saída será a soma não invertida. Claro que para uma eventual fabricação em série é preferível fazer este circuito que gastar para comprar dois amp-ops.


Esta configuração é o subtrator. Fazendo R2=R4 e R1=R3 conseguimos facilitar a equação que caracteriza esta configuração. Assim a saída é dada pela expressão

[;V_o=\frac{R_2}{R_1}.(ln_2-ln_1);],

onde "ln" são as tensões de entrada. Se ajustarmos (R2/R1)=1, a saída será somente a subtração. Podemos, além de puramente subtrair, subtrair e multiplicar por um fator (R2/R1).

A equação do subtrator para uma combinação qualquer de resistores é a seguinte:

[;V_o=ln_2.(\frac{R_3}{R_3+R_1}.\frac{R_4+R_2}{R_2})-ln_1(\frac{R_4}{R_2});]


Esta configuração é o buffer, também chamado de seguidor de tensão. Este é um amplificador de ganho unitário, cuja função não é dar um ganho de tensão, mas sim um ganho de corrente. Ou seja, sua principal função é reforçar a corrente, interfaceando entre um dispositivo que fornece tensão mas não consegue fornecer muita corrente e uma carga que precise consumir uma corrente considerável em relação ao dispositivo anterior.


Esta configuração é chamada de integrador, pois sua saída corresponde a integral do sinal de entrada. Este circuito é muito útil para gerar um sinal de rampa na saída a partir de um sinal contínuo na entrada. Lembrando que o sinal será invertido em relação a integral da entrada, devido ao sinal estar sendo aplicado na entrada inversora. Segundo a página que estou consultando, a expressão da saída é igual a:

[;V_o=\frac{-1}{R.C}.\int_0^t{V_edt};]

Dessa forma, podemos escolher os valores de R e C para multiplicar a integral por uma constante, ou fazer o produto RC=1 para obter somente a integral do sinal de entrada, somente invertido.

Porém este circuito possui um ganho dado pela expressão:

[;A_v=\frac{1}{2{\pi}.f.R.C};]

Esta expressão é simplesmente a expressão de ganho do amplificador inversor onde, ao invés de ter uma resistência no numerador, temos uma reatância capacitiva. Este ganho tende ao infinito quando a frequência é baixa, atrapalha a operação nestas frequências. Para amenizar este inconveniente, se coloca um resistor em paralelo com o capacitor C um resistor, geralmente de resistência 10 vezes maior que o resistor R. Mas ainda há pormenores que devem ser levados em conta. Se necessário, em outro post eu falo mais sobre esta configuração.


Esta configuração é o diferenciador. Assim a saída será a derivada do sinal aplicado na entrada V1, porém invertida. Este circuito também possui alguns problemas. Para resolver questões de ganho, se coloca um resistor em série antes do capacitor de valor de resistência 10 vezes menor que R1 e também se coloca um resistor de equalização entre a entrada não-inversora e o terra cujo valor é igual ao paralelo entre R1 e o resistor colocado antes do capacitor. Mas, de novo, existem pormenores que, se necessário, serão detalhados em um post separado.

Este é o comparador. Aplica-se uma tensão de referência em uma das entradas. Vamos tomar a entrada inversora, como exemplo. Se a tensão na entrada não-inversora for maior que a tensão de referência na entrada inversora, a tensão na saída será a tensão de saturação positiva, cerca de 85% da tensão de alimentação positiva. Caso a tensão na entrada não-inversora for menor que a tensão de referência aplicada na entrada inversora, a saída será igual a tensão de saturação negativa, que será o terra no caso de amplificadores que não usam alimentação simétrica, ou 85% de -Vcc, no caso de amp-ops com alimentação simétrica. Se aplicarmos a referência na entrada não-inversora, o sinal de entrada terá que ser menor que a referência para saturar a saída positivamente e maior que a referência para saturar negativamente.


E, por fim, esta é a configuração chamada comparador regenerativo, também conhecido por comparador com histerese. Também é chamado de Schmitt (Schmidt, schimmitt, e todas as outras grafias imagináveis para esta palavra) Trigger. Ele é um comparador, mas possui uma histerese. Em um comparador comum, existe uma tensão de referência de 3V. Acima de 3V a saída é +Vcc e abaixo é -Vcc, por exemplo. Neste comparador não. Suponha que a tensão de saída seja -Vcc. Para colocar a saída em +Vcc é preciso que a tensão na entrada supere 3V, por exemplo. Para fazer a tensão cair para -Vcc novamente, não basta diminuir do valor de tensão 3V. É necessário passar por um valor menor, como por exemplo, 2V. Isso pode ser visto no gráfico abaixo:


É possível calcular aqueles dois resistores da realimentação da seguinte forma. Escolha R1, de preferência entre 1K e 10K, e depois calcule da seguinte forma:

[;R_2=\frac{R_1.V_{HL}}{V_{sat}-V_{HL}};]

Esta fórmula calcula o limite superior. O limite inferior será igual ao superior, só que negativo, já que esta configuração funciona com alimentação simétrica.

E era isso por hoje. Post ficou gigante e isso é só uma breve introdução sobre o amplificador operacional. Eu não falei muito sobre o funcionamento dele e nem detalhei muito cada configuração de funcionamento. Se alguém quiser que eu faça um post sobre algum detalhe deixe um comentário. Só uma curiosidade: é perceptível que este dispositivo faz um monte de cálculos. Isso por que ele foi desenvolvido na década de 40 para trabalhar com computação analógica e, durante um tempo da história, a computação analógica andou lado a lado com a computação digital. Mas, depois de um tempo, ficou claro que a computação digital era muito mais versátil que a analógica. Mas isso não quer dizer que os Amp-Ops estejam ultrapassados. Abraço e se cuidem. Até a próxima.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Considerações de Projeto


Este post faz considerações referentes ao projeto apresentado no post "Fonte de Alimentação Simples".

Primeiro, montei a fonte em PCI e abaixo está a imagem da placa já concluída.



Porém houve um inconveniente. O projeto é de uma fonte de 12V para 3A, que alimentará um amplificador que utiliza o um TDA-2003. Este circuito pode ser alimentado com tensões entre 8 e 18V. O Trafo para 3A que tenho é de 6+6V. Porém usando as saídas, ao invés de obter 12Vrms eu obtenho algo próximo de 13Vrms. Com isso, a saída da minha fonte acaba sendo cerca de 17V. O que já considero elevado para este projeto. Usando a saída de somente 6Vrms obtive na saída da fonte uma tensão por volta de 7V, o que é insuficiente.

Como eu tenho a necessidade de usar o transformador de 3A, eu terei que fazer um circuito com a etapa de regulação de tensão para usar com este mesmo transformador. Como a corrente é excessiva, não será possível utilizar a família de reguladores 78XX, que são fabricados para apenas 1A. Por isso eu irei projetar o circuito cuja etapa de regulação usa componentes discretos...

Ahhh, mas olha só, quem existe sempre aparece. Achei o regulador LM350 que funciona exatamente igual ao LM317 mas sua saída aguenta até 3A. Será que esse carinha caiu do céu? Não sei, mas vou aproveitá-lo. Vamos dar uma olhada no circuito após o upgrade:



Cara, tenho que dar um jeito de botar umas imagens com qualidade melhor. Meu sistema de printscreen + paint edition tá uma bosta mesmo...

Enfim. Já montei o carinha acima. Os componentes estão calculados para 12V. A foto do circuito pode ser vista abaixo.



E a placa dá os 12V. Não puxei os 3A pra ver se a porra toda não explode, mas confio no fabricante. O DataSheet diz que aguenta, então seja o que fabricante quiser.

Agora o passo final dessa empreitada. Finalmente o projeto e construção do amplificador. Pelo menos o projeto faço nesse feriado da Páscoa. E, queria deixar uma feliz páscoa para todos. Que vocês ganhem muito chocolate. Abraço e se cuidem.