sábado, 17 de dezembro de 2011

Confecção de Placas



Olá a todos. Hoje venho comentar sobre um conhecimento indispensável, tanto para o hobbista em eletrônica, quanto para o técnico "mais sério", que é a confecção artesanal das placas de circuito impresso. Hoje comentarei o passo a passo de como fazer e darei algumas dicas, baseadas nas minhas experiências pessoais.

Bom, o primeiro passo é imprimir, com tinta toner das impressoras laser, o lay-out das trilhas do circuito, que pode ser feito facilmente com programas como o KiCad. É necessário que a tinta seja toner, como veremos mais adiante. Para os que não têm impressora a laser, como eu, eu dou uma dica: aprendi uma técnica (embora nunca tenha testado) que consiste em imprimir o lay-out das trilhas com tinta normal e tirar um xerox. Se possível, pedir para aumentarem a quantidade de toner do xerox.


Outro detalhe que faz a diferença nesta etapa é a escolha do papel. É claro que o mais importante é a tinta toner, que é obrigatória. Mas determinados tipos de folhas facilitam muito a etapa seguinte. Eu já trabalhei com folha normal (funciona) e papel couchê (funciona um pouco melhor). Também já ouvi falar sobre impressão com folha de revista e também com aquelas folhas que ficam por baixo dos adesivos. Ouvi falar que tendo prática com esses papéis é possível fazer uma transferência quase perfeita. Inclusive, com a folha de adesivo eu já vi uma transferência perfeita pessoalmente.

Após você ter a impressão do lay-out das trilhas, você precisa de material para fazer a placa. Embora existam materiais como composite e fibra de vidro, o mais escolhido é o fenolite para a fabricação artesanal. Isso pois ele é muito mais maleável. Então pega-se um pedaço grande de fenolite e corta-se do tamanho da placa. Após cortado deve-se limar as bordas deixando-as lisas. Depois disso é passada uma lã de aço (tipo Bombril) na parte de cobre, para tirar gordura e qualquer outro tipo de sujeira. Quando ela estiver bem brilhosa, meio espelhada, é hora de ligar o ferro de passar roupa.


Agora você deve colocar a parte de cobre da placa em contato com a parte do papel onde está impressa o lay-out das trilhas. Dobre o papel na placa de forma que a parte das trilhas não se mova sobre a superfície de cobre. Usando o ferro de passar roupa, passe sobre o lado oposto da folha por um tempo, até que a tinta da folha seja transferida, quase que integralmente, para a placa. Após esse processo espere a placa esfriar, pois ela estará quente.


Então, usando um perfurador de placa (eu uso aquele estilo grampeador da imagem acima) você irá fazer os furos nos locais das ilhas. Quando todos os furos da placa tiverem sido feitos, você deverá pegar uma caneta daquelas de escrever em CD, ou caneta para retroprojetor, e reforçar as trilhas, pois elas geralmente não saem 100% na placa. Passe por cima das trilhas, reforce ilhas,enfim, faça o que for necessário.

A próxima etapa é a corrosão. Coloque percloreto de ferro em um recipiente (de plástico!). Prenda um pequeno durex ou outro tipo de fita no lado oposto da sua placa, de jeito que forme uma espécie de alça. Ela serve para evitar o contato da pele com o percloreto ao retirar a placa da corrosão. Após isso, coloque a sua placa com o lado das trilhas virado para a solução de percloreto. Evite áreas do percloreto que possuam sujeira ou bolhas, pois isso prejudicará esta etapa. Também tome cuidado para evitar o contato do percloreto com qualquer tipo de metal e com tecido, pois esse carinha é bem danado com essas coisas.


Depois de passado o tempo necessário, que depende da concentração do percloreto, de quantas vezes foi usado, etc., você irá retirar a sua placa de lá. Quando você perceber que toda a área que não havia sido pintada não tiver mais nenhum cobre, então é por que a etapa da corrosão está acabada. Retire a placa pelo durex (não que o contato do percloreto com a pele vá fazer mal, mas...) e lave com água. Passe um Bombril na área das trilhas para retirar a tinta de caneta de cima das trilhas, de forma que sobre somente o cobre.

Feito isso passe a lima (ou lixa) na parte de cima da placa, onde não há trilhas. É que no processo de perfuração da placa, sobra umas "rebarbas" na parte de cima da placa, não a deixando lisa. Após passada a lima, ou uma lixa, deixando-a lisinha, está na hora da transferência da máscara de componentes na parte de cima da placa. Para esta etapa valem as mesmas dicas dadas para a transferência das trilhas. Há a ressalva de que, na hora da impressão da máscara de componente, ela deve ser impressa de forma espelhada. No KiCad há uma opção simples para fazer isso.


Após transferida a máscara de componentes, você já pode colocá-los na placa e começar a soldá-los. Eu tenho algumas dicas para soldar. Grande parte do sucesso de soldas bem feitas começa por trilhas e ilhas bem feitas. Ter caprichado bem nas etapas anteriores garante uma maior facilidade nessa etapa. Para soldar, você pode colocar o ferro na ilha e ir colocando estanho no ferro. Espere que o estanho derreta e escorra para a ilha. Quando ele se espalhar pela ilha "por conta própria" você pode tirar o estanho e depois o ferro, tendo obtido uma solda bonita e de qualidade.

Dessa forma, ao fim desse processo, você terá uma placa de circuito impresso. Quanto mais praticar, melhor fica com o tempo. E por hoje era isso, espero que possa ter ajudado alguém que tinha alguma dúvida quanto ao processo artesanal de confecção de placas. Até a próxima e se cuidem. Qualquer dica ou dúvida poste um comentário aí que será respondido. Abraço!

5 comentários:

  1. .....Parabéns ao pessoal do Blog..utilizei o processo e funciona perfeitamente..minha placa ficou sem nenhuma falha o que proporcionou muita facilidade na soldagem e consequentemente bom funcionamento do circuito. Galera é só seguir todos os passos conforme está no blog.

    Samuel ( pós-médio eletrônica)

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    1. Valeu pelos elogios ao blog. Espero que ele tenha sido útil, e que continue sendo pra você e muitas outras pessoas interessadas por eletrônica. Vlw pelo apoio.

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  2. Qual a tinta usada para transferência da máscara de componentes na parte de cima da placa? Este processo não ficou muito claro! Pode passar mais detalhes...?

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    1. A tinta utilizada para a máscara de componentes é a mesma utilizada para as trilhas, ou seja, toner de impressora a laser (ou máquina de xerox). O processo de transferência também é igual as trilhas. Consiste em colocar a face da placa em que se quer a máscara em contato com a face do papel em que foi impresso a máscara e passar o ferro de roupa. O tempo depende da temperatura do ferro. Caso a transferência não tenha ficado satisfatória, é possível limpar a face da placa com Bombril e repetir o processo.
      Qualquer dúvida entre em contato! Abraço e boa sorte na confecção de suas placas!

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  3. boa tarde, gostaria de saber qual é o nome do programa que foi feito essa mascara de componentes. se possivel me responda nesse email flavianovieira@live.com , desde ja agradeço pela atenção.

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