quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Farewell Steve Jobs
Faleceu ontem Steve Jobs. Notícia que por algum motivo me abalou; o que me surpreendeu, pois dificilmente sinto quanto alguém famoso morre. Mas com ele foi diferente... Talvez por ele ser um homem com visão tão enraizada no futuro seja difícil imaginar sua morte.
Pensar que ele foi um dos pioneiros da computação. Estava entre o seleto grupo de pessoas que construíram o conceito do computador pessoal e da tecnologia acessível a população em geral. Que começou numa garagem o que seria o futuro, o que seria uma empresa bilionária. Que teve a coragem de ir adiante com suas ideias, com seus sonhos e com suas visões. Imaginar que aventura foi viver a juventude no movimento hippie, morar no vale do silício e abrir uma empresa com apenas dois funcionários cuja imaginação beirava a loucura.
Para não me prolongar mais, quero terminar com o seguinte trecho de seu famoso discurso em uma formatura na universidade de Stanford.
"Minha terceira história é sobre a morte.
Quando eu tinha 17 anos, eu li uma frase que era algo assim: 'Se você viver cada dia como se fosse o último, algum dia você estará certo.' Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho todas as manhãs e me pergunto: 'Se hoje fosse meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?' E se a resposta for 'não' por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é importante. Não há razões para não seguir o seu coração.
Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.
Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas!
Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais do que três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas - que é o código dos médicos para 'se preparar para morrer'. Significa tentar dizer as suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer adeus.
Eu vivi com aquele diagnóstico a manhã inteira. Depois, a tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu fui operado e agora estou bem.
Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era apenas um conceito abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.
Ainda assim a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo são vocês. Mas algum dia, não muito distante, vocês gradualmente se tornarão velhos e serão varridos. Desculpem-me por ser tão dramático, mas essa é a verdade.
O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém;
Não fique preso pelo dogma, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas.
Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.
E o mais importante: tenha coragem de seguir seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.
Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês.
Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada ensolarada do interior, daquele tipo por onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:
'Continue faminto, continue bobo.'
Foi a mensagem de despedida deles. Continue faminto. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, que vocês estão se formando e começando de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem famintos. Continuem bobos.
Obrigado"
E esse foi o discurso dele, a mensagem que ele passava para nós, o novo. Há muito o que pensar em suas palavras e, para encerrar o post eu queria reforçar suas palavras: Continuem famintos, continuem bobos...
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